O Clube Europeu
congratula-se com o desempenho durante dez anos, do português José Manuel Durão Barroso à frente dos destinos da Comissão Europeia.
Durão Barroso é um político e professor português, ex-presidente da Comissão Europeia, cargo que ocupou entre 2004 e 2014. Em Portugal, foi sub-secretário do Ministério dos Assuntos Internos, em 1985, e ministro dos Negócios Estrangeiros em 1992. Entre 2002 e 2004, ocupou o cargo de primeiro-ministro da República Portuguesa. A 23 de novembro de 2004, Durão Barroso assumiu as funções de Presidente da Comissão Europeia, tendo sido reconduzido no cargo em Novembro de 2009, após ter sido reeleito pelo Parlamento Europeu a 16 de Setembro.
Jean-Claude Juncker assumiu a
1 de Novembro de 2014 a presidência da Comissão Europeia, sucedendo ao
português Durão Barroso.
Houve já onze presidentes.
Jean-Claude Juncker é o 12º. Oficial, porque quando um caso de corrupção deitou
por terra a Comissão Santer, ainda houve um interino. O espanhol Manuel Marín
fica, então, com essa posição na história, mas não está na galeria de presidentes.
Marín foi presidente interino entre Janeiro e Setembro de 1999.
Conheça a lista de
presidentes da Comissão Europeia:
1958-1967: Walter Hallstein, Alemanha
1967-1970: Jean
Rey, Bélgica
1970-1972: Franco
Maria Malfatti, Itália
1972-1973: Sicco
Mansholt, Holanda
1973-1977:
François-Xavier Ortoli, França
1977-1981: Roy
Jenkins, Reino Unido
1981-1985: Gaston
Thorn, Luxemburgo
1985-1995:
Jacques Delors, França
1995-1999:
Jacques Santer, Luxemburgo
1999-2004: Romano
Prodi, Itália
2004-2014: Durão
Barroso, Portugal
2014: Jean-Claude
Juncker, Luxemburgo
José Manuel Durão Barroso, até
esta sexta-feira presidente da Comissão Europeia, vai ser agraciado com a mais
alta condecoração de Portugal segundo anunciou o Palácio de Belém.
Na próxima segunda-feira, o
Presidente da República condecora Durão Barroso com o Grande Colar da Ordem do
Infante D. Henrique, distinção habitualmente reservada a chefes de Estado
estrangeiros e que só excepcionalmente é atribuída a personalidades
portuguesas. Foi o caso de Rocha Vieira, o último governador português de
Macau, a quem o Grande Colar foi atribuído por Jorge Sampaio, então Presidente
da República.
“O dr. José Manuel Durão Barroso
termina hoje o seu mandato (…) trata-se do mais alto cargo internacional alguma
vez assumido por um português e cujo exercício prestigiou e foi de especial
relevância para o nosso país”, referiu esta sexta-feira a Presidência da
República.
Também o primeiro-ministro
assinalou na sexta-feira o fim do segundo mandato de Barroso à frente da União
Europeia. “A liderança de dez anos do dr. Durão Barroso à frente da Comissão é,
antes de mais, um símbolo do compromisso do sistema político-partidário
português com o projecto europeu”, refere o comunicado assinado por Pedro
Passos Coelho.
O primeiro-ministro assinala que
na presidência de Durão Barroso “a União Europeia enfrentou crises consecutivas
de natureza institucional, económica e geopolítica”.
Depois de destacar que, nos
últimos dez anos, a União Europeia se transformou “num clube de 28 Estados
membros”, Passos aborda as dificuldades enfrentadas pelo antigo
primeiro-ministro de Portugal à frente da Comissão Europeia: da rejeição do
Tratado Constitucional à negociação do Tratado de Lisboa, da crise económica
europeia aos desafios internacionais.
“Destaco, em particular, a acção
decisiva que o Dr. Durão Barroso teve, como pude testemunhar enquanto primeiro-ministro,
mas igualmente, ainda como líder da oposição, na defesa firme da estabilização
da zona Euro”, acentua Passos Coelho. O chefe do Governo refere, também, os
passos dados para a criação da União Económica e Monetária e da União Bancária.
Por fim, Passos Coelho destaca o
papel de Barroso na negociação dos dois quadros financeiros da União, bem como
o apoio do presidente da Comissão às posições portuguesas em matéria de reforço
das interconexões eléctricas e de concretização do mercado europeu de energia
no último Conselho Europeu.
Durão Barroso recebeu esta segunda-feira das mãos do
Presidente da República o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique. Cavaco
Silva destacou a “natureza extraordinária” do contributo do agora ex-Presidente
da Comissão Europeia, que muito “beneficiou o país”. Durão aproveitou o ocasião
para recuar a 2004, ano em que deixou as funções de primeiro-ministro a meio do
mandato, e fazer as pazes com o passado agora que recebe uma homenagem do país:
“Foi correcta a decisão que tive de tomar em 2004”, afirmou. Sobre o futuro,
nem uma palavra, nem para fechar a porta a uma possível candidatura a Belém, em
2016.
“Procurei transmitir uma certa sensibilidade portuguesa à presidência da
Comissão Europeia”
Durão Barroso fez um balanço dos dez anos de liderança europeia e garantiu que sempre teve Portugal como referência no desempenho das suas funções: “Procurei transmitir uma certa sensibilidade portuguesa à presidência da Comissão Europeia. (…) Este país foi grande foi quando olhou para fora, não quando olhou para dentro. Portugal foi grande não quando afirmou o ‘orgulhosamente sós’, mas quando hoje pode afirmar o ‘orgulhosamente europeus’”.
O ex-Presidente, que fez um discurso de pouco mais de
15 minutos, passou em revista os momentos de uma década em que os líderes e as
instituições europeias se viram obrigados a “dar um novo impulso à integração
europeia”, face à crise financeira e ao alargamento de 15 para 28
Estados-membros em 10 anos. Durão lembrou que a “crise financeira da dívida
soberana constituiu um desafio excepcional”, já que “foi além” disso: “foi uma
crise económica, uma crise social e também uma crise política que se reflectiu
na confiança dos cidadãos no projecto europeu”, reconheceu.
“A União Europeia respondeu a esta crise com a criação
de instrumentos excepcionais de estabilização financeira, com regras reforçadas
de governação no plano interno, nomeadamente na zona euro, e com poderes também
reforçados” na própria União, acrescentou, referindo ainda a união bancária
como um dos grandes desafios do seu mandato e as “cerca de 40 peças
legislativas que a Comissão Europeia propus e que hoje em dia constituem ao
nível internacional o conjunto mais completo que existe”.
“É com orgulho que vejo que a União Europeia respondeu
a todos estes desafios com posições de princípio, reforçando sempre a convicção
dos seus próprios valores”, sintetizou. A “questão social e a questão do
desemprego” são o problema “mais grave que a Europa enfrenta”, admitiu. “Mais
investimento privado mas também público” podem ajudar a resolver o problema.
Durão aproveitou para criticar a tendência dos líderes
dos Estados-membros: “O que acontece de bom deve-se a eles, o que de mau se
passa é culpa da Europa”. O ex-Presidente aproveitou e fez pedagogia. “A
Comissão Europeia tem bastantes competências mas não decide. As decisões finais
são tomadas pelos Governos e em muitos casos pelo Parlamento Europeu”. Ainda
assim, pediu a Portugal para que “não se deixe contaminar” por aquilo que “me
parece ser o recuo de algum soberanismo” com “reflexos nacionalistas”, como os
que estão “agora em voga em alguns lugares da Europa”. “Neste século XXI, o
poder está na relação e na capacidade de se integrar e de se influenciar (…)
muitas vezes partilhando soberania”.
“Esteve sempre em mim, ao longo destes 10 anos, a convicção
que estava também a executar um programa português. Defendi o interesse de
Portugal porque não via nele qualquer contradição com o interesse europeu”,
afirmou Durão Barroso já no final da sua intervenção, para garantir que
defendeu “condições mais solidárias na aplicação de programas de ajustamento”,
como aquele a que Portugal foi sujeito, e para garantir que “países como o
nosso viessem a sair deste programa sem precisar de mais condições”.
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